terça-feira, 14 de agosto de 2018

Nem tudo que parece é

A gente não ama simplesmente. Frio na barriga, calafrios, mão suada não são bem parte do amor, são mais coisas de paixão. Demorei para entender isso, pois o fogo que ardia dentro de mim me cegava e fazia ver amor onde havia paixão. 

Paixão é algo que a gente sente no primeiro encontro, que faz o coração querer sair pela boca. É a impulsividade. São as discussões evitadas. É a saudade descontrolada dentro do peito. É o sentimento de querer aquele ser só para você. É a incerteza e a expectativa. 

Amor não tem nada disso. Ele não surge do dia para a noite, é construído aos poucos. Leva tempo e exige dedicação. Ao contrário da paixão, amor não é se diminuir para fazer o outro caber, é deixar com que o outro te transborde. É discutir, com carinho, para que vocês cresçam cada qual no seu tempo. É ter a segurança de que se ele quiser ir, você vai ficar bem. É sentir um saudade branda, que não machuca. É decidir ficar, mesmo quando você está livre para ir. Amor é a liberdade que se tem e que se dá para o outro.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Se tornar alguém

Sabe quando você descobre que o problema não é a sua própria natureza? Que o problema é quando o amor que os outros sentem por você te sufoca ao ponto de abafar quem você verdadeiramente é. Pois bem, comprei essa história por alguns anos e acabei achando que tivesse mais do que merecia, que não era grata à nada e que deveria mudar o curso da minha existência, se quisesse ter algo de bom na vida.

Não foi legal me sentir humilhada, me sentir dependente, me sentir pequena,
por pessoas que me sufocavam de tanto "amor" e proteção. Mesmo sabendo que esse era o melhor que eles podiam me dar. Sabe por quê? Porque durante anos não acreditei em mim, acreditei numa versão que as pessoas tinham de mim. Sabe aquela história de confiar no próprio taco? Não tinha dessa. Eu estava confiando no taco dos outros e não no meu próprio. Eu era alimentada por expectativas alheias, por sonhos alheios e que não faziam parte alguma do que sou. Eu não me encaixava e achava sempre, que era eu, o elo mais fraco. Mas hoje sei que não era e que não sou. Sou apenas diferente e única.

Agora vejo com clareza que finalmente me encontrei. Que posso ser eu mesma e que tudo bem não pertencer ao ambiente que me foi predisposto. Não digo que fiz essa descoberta tardiamente, mas a fiz no tempo que deveria ter sido o certo. Precisamos aprender que amor e imposição são duas palavras que, de forma alguma, se completam. Amar não é querer o outro pra si e muito menos querer que ele seja seu boneco, capaz de obedecer à todos os seus comandos. Afinal, somos seres vivos. Vivos de carne e osso, bem como vivos de sentimentos e emoções. Amar é deixar o outro partir em paz e ficar feliz porque ele se foi e se tornou a melhor versão dele mesmo. E agradecer, porque ele finalmente se tornou alguém no mundo, no meio de todas essas 7 bilhões de pessoas.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Caminhos

Não aceitava de forma alguma que as coisas seriam passageiras. Quando digo coisas, incluo a cor dos fios do meu cabelo, minha pele sem pontinhos de sol, minha falta de paciência, minha conformidade, meu emprego, minha rotina, minhas amizades. Tudo. As coisas ruins, de uma maneira meio pessimista, paracem que não têm fim nunca. E aquela famosa luz no fim do túnel, parece que nunca existiu verdadeiramente. É meu caro, não é fácil viver. Não é fácil ter que ser você todos os dias e arcar com todos os afazeres, resposabilidades, tristezas. Mas pera lá que também não é tudo tão ruim assim não.

Em resumo simples e prático, aprendi que tudo na vida será passageiro. Será! Queira você quereia ou não. Será! Algumas coisas, de fato, parecem que possuem a duração um pouco esquisita. Por exemplo, coisas ruins, na maior parte das vezes, parecem durar uma eternidade, porém dez dias de descanço na praia parece durar 72hrs e pronto. Mas a dura e amarga realidade é que vai parecer ser o inferno esses dias ruins. Você vai ficar infeliz e apenas sobreviver. Eu estive presa lá e é um saco. Você começa a se odiar e a culpar a vida por você parecer correr feito uma idiota numa esteira, sem sair do lugar. Mas um dia vai dar certo. 

Demora um certo tempo para você achar seu lugar e aceitar cada pequeno detalhe que compõe seu ser e sua vida. Mas eu te garato que vai dar certo. Os livros de auto-ajuda também não garatem?! E quem disse que eles estão totalmente errados em querer nos ensinar como viver em paz e equilibrio e nos aceitar com cada ferida, alegria e solidez?! Agora... se você for geminiana, vai ser dolorido mais que o normal até você perceber que tudo tem seu tempo. Mas tem. E o tempo chega de forma diferente para cada ser humano. Porém, devido a nossa falta de maturidade e as vezes a nossa pouca evolução, pensamos que tudo deve ser feito aqui e agora. Pare. Respire e veja que cada segundo é de fundamental importância para o seu crescimento. Dê tempo ao tempo e não culpe a vida. Todos nós estamos fadados a sermos ternos e seguir um certo caminho que leva tempo para ser achado, construído e finalizado.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Fragmentos da vida

Aprendi há pouco tempo que amadurecer é um processo longo e doloroso. Em algum momento da sua vida você vai querer olhar para trás e vai tentar esconder e esquecer algumas coisas, mas não tem jeito, elas sempre estarão lá para te assombrar, mas é preciso seguir em frente sempre. Viver é doído. 

Soltar as amarras, correr dos medos, sofrer com as mudanças, esconder os segredos, perdoar, e perdoar de novo, não é nada fácil, mas a gente precisa, a qualquer custo, seguir em frente. Tenha medo, mas saiba como o controlar, nunca deixe que ele te controle. Mude, mas nunca a sua essência, afinal é ela que te torna único no mundo inteiro. Esconda seus segredos, mas lembre-se que eles fazem parte de quem você é. E por fim, perdoe. Perdoe toda vez que precisar, toda vez que você não quiser, quantas vezes forem preciso para te fazer uma pessoa melhor. E nunca se esqueça de que a vida passa voando e as vezes você só tem uma oportunidade de fazer tudo dar certo.

domingo, 31 de julho de 2016

Sinônimo de amor

Sempre pensei, desde muito nova, que queria alguém para amar algum dia. Que seria bom poder contar com o abraço apertado, com os frios na barriga e até com o pé gelado buscando um calor. Mas hoje cresci e percebi que amar vai muito além de mimos e carinho. Descobri que amar é muito mais difícil do que os poetas dizem e muito mais complicado do que as canções de Caetano. 

Até hoje, só tive dois amores. Meu primeiro amor foi por puro capricho da adolescência. Foi intenso, forte, devastador e doído, dói até hoje. Mas acabou que no fim descobri que não era amor, nunca foi, talvez uma troca de carinhos e atenção, mas definitivamente, não era amor. Meu segundo amor surgiu como um cacto no deserto, no meio do nada, sem esperança de ver água tão cedo. Mas então ela veio, e me irrigou toda, e eu fiquei tão apavorada que não sabia o que deveria fazer. Afinal, a gente sempre espera o pior depois de uma tempestade. 

Pois bem, comecei a me apegar e a amar uma pessoa de um mundo completamente diferente do meu. Mas quando falo diferente, quero dizer, me sinto de ponta cabeça. Digamos que somos: sal, açúcar; frio, quente; barulho, silêncio; explosão, calmaria. Juro, mas juro mesmo, que não sei como duas pessoas tão opostas, conseguem lidar com todos esses sentimentos bagunçados. São vários deles todos os dias. Acho que na verdade, o problema é justamente esse: não estamos sabendo lidar e está sendo penoso. 

Mas calma, mesmo assim ainda temos algo em comum: a teimosia. Essa nos persegue em qualquer lugar, até nas palavras. Não existe entre nós essa palavra que eles chamam de "acordo". Desisti primeiro, quem se cansa primeiro. Mas até lá, temos que percorrer uma longa estrada, não é?! Afinal, pode não parecer muito, mais são quase três anos de parceria. E quer saber? Vocês não tem ideia do que são três anos para uma geminiana indecisa e controladora. É o fim dos tempos. Mas calma lá, também tenho os meus charmes, apesar dos chiliques. 

De todo modo, depois de viver a versão mais pura do amor, e da raiva, e do choro e do riso, assim, tudo junto, eu percebi que amor não é algo que se explica. É algo que corre e percorre nas veias e que te causa arrepio sem muito blábláblá. É algo que te tira do sério, da razão, do chão. É algo que eu nem sei mesmo definir e não sei nem as vezes como sentir. 

Confesso que ainda estou aprendendo a lidar com isso tudo. Com essa coisa que cresce no coração da gente e quer logo se espalhar pelo corpo todo. Que te vira a cabeça e que te tira o sono. Mas, uma coisa eu já aprendi, meu primeiro amor, não era nem de longe amor. Mas meu segundo amor é bem de perto o que eu gostaria de ter pra  minha vida inteira, pois de fato é sinônimo de amor. 

sábado, 2 de janeiro de 2016

Começo ou fim?

Finalmente conquistei a liberdade que tanto quis ter e que sempre foi minha de direito. Saí da minha zona de conforto por conta própria e por conta e risco, e me dei com a cara na parede.
Agora eu entendo porquê eles chamam aqui fora de "selva". É tudo tão diferente, tudo menos maquiado e mais real. O amor não é o mesmo que eu via quando criança, os sorrisos também não. Tudo acontece de maneira mais difícil, é preciso dar duro, é preciso dar alguma coisa, sempre. A vida acontece em um fração de segundos e, um passo em falso, você estará no fundo do poço.
Mas tudo bem, foi eu quem quis me libertar. Uma hora eu precisaria provar desse mundo amargo e plural, para então descobrir quem eu sou, o que eu quero e para onde eu irei. Todos nós estamos destinados à tal fim, ou começo.
Agora sigo com meus vinte e poucos anos. Livre de algumas coisas e presas em outras até o pescoço. E enquanto o relógio corre, a Terra vai girando e um outro dia se faz, para poder mudar a liberdade de alguém. 

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Assimetria

Não chego a negar que não éramos o reflexo um do outro, mas também não o afirmo de jeito nenhum. De um meio jeito torto, nunca aconteceu de haver tanta simetria entre nós. Digamos que estávamos mais para um par de chinelos velhos, cada qual de sua cor, mas que mesmo assim, cumpria seu dever de proteger os pés.
Raramente concordávamos em algo, mesmo que fosse a menor certeza do universo. Em nossa bocas sempre havia argumentos suficientes para um julgamento ou opiniões que se contradiziam. Mas mesmo com todas as discordâncias, ainda continuávamos a ser a combinação química perfeita.
Talvez nossa ligação estivesse atrelada ao estalo do nosso beijo, ou ainda no calor do nosso sexo, podia ser o olhar. Qualquer contato mais intenso justificava qualquer erro de concordância. A base da certeza estava, definitivamente, no olhar. Era isso! Não havia erro ou códigos mal esclarecidos, quando ele me fitava com seus olhos caídos e um cado distantes. 
Éramos nós dois e o resto do mundo. Já havia sido escrito, planejado, traçado, formulado, para sermos um do outro. Era eu confusa e ele, perdidos no meio de um estrada torta, que nos levou a achar um ao outro.