terça-feira, 6 de outubro de 2015

Assimetria

Não chego a negar que não éramos o reflexo um do outro, mas também não o afirmo de jeito nenhum. De um meio jeito torto, nunca aconteceu de haver tanta simetria entre nós. Digamos que estávamos mais para um par de chinelos velhos, cada qual de sua cor, mas que mesmo assim, cumpria seu dever de proteger os pés.
Raramente concordávamos em algo, mesmo que fosse a menor certeza do universo. Em nossa bocas sempre havia argumentos suficientes para um julgamento ou opiniões que se contradiziam. Mas mesmo com todas as discordâncias, ainda continuávamos a ser a combinação química perfeita.
Talvez nossa ligação estivesse atrelada ao estalo do nosso beijo, ou ainda no calor do nosso sexo, podia ser o olhar. Qualquer contato mais intenso justificava qualquer erro de concordância. A base da certeza estava, definitivamente, no olhar. Era isso! Não havia erro ou códigos mal esclarecidos, quando ele me fitava com seus olhos caídos e um cado distantes. 
Éramos nós dois e o resto do mundo. Já havia sido escrito, planejado, traçado, formulado, para sermos um do outro. Era eu confusa e ele, perdidos no meio de um estrada torta, que nos levou a achar um ao outro.

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