quarta-feira, 9 de julho de 2014

Carta final

Querido,

Como vai você? Desta vez vim desarmada. Não trouxe pedras, nem meu whisky (aliás, nunca tomei whisky, só falei dele pra dar uma cara de Lispector). Eu vou bem, obrigada. Estou amandando, estudando, trabalhando e as vezes fico doente, sabe como é?! Um gripe aqui, outra ali e a gente já acha que a dor no corpo vem do coração pesado, e então a gente resolve escrever pro passado. Tem tempo que não escrevo pro passado, apesar de pensar nele algumas vezes. Ou melhor, apesar de lembra-lo muitas vezes. 

Só quem termina um amor e começa outro sabe o quanto é difícil não sofrer, como é difícil tentar as coisas certas pra não errar de novo, pra não construir o seu próprio precipício e depois de um tempo se jogar e se arrebentar todo. Mas agora é tudo muito diferente, não tem sofrimento, e eu acordo todos os dias querendo sair da cama, mesmo com o tempo fechado.

O que você me fez, as vezes ainda me traz alguma dor, alguma vontade de chorar, mas o que mais dói e ver meu amor tendo que limpar a bagunça que você deixou. Sei que lembrar de você não compensa e que só faz com que minhas forças pra não chorar diminuam, mas você entende que eu não tenho controle sobre isso?

Espero que me perdoe por te culpar. Espero que eu perdoe a mim mesma por me culpar, por ter agido sem pensar, por ainda pensar em você (de outra forma), por ainda ter medo e me sentir uma bosta algumas vezes.

Desejo que primeiramente eu continue sendo feliz. E que as coisas se ajeitem e que se percam em minha memória, assim como muitas delas já se perderam com o tempo. Desejo força pra não mais chorar e fraqueza pras memórias do passado. E depois, agora sim, desejo que você siga o seu caminho e seja feliz do seu jeito.

Abraços.



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